
ENTREVISTA
ROBERTO ROCHA

by Luiz Gustavo Alves

Roberto Rocha é um ator paulistano. Atuou, no teatro, em O Fantasma da Ópera, A Bela e a Fera, Chicago, Evita, My Fair Lady, Godspell, entre outros; e na TV atuou no SBT e na HBO. Você deve cansar de ouvir a voz dele todos os dias como dublador em desenhos, novelas, filmes, e também como locutor publicitário. Pai orgulhoso de 2 cães.... Seu cartão de visita? Um sorriso aberto a todos. Pode conferir seus trabalhos em www.robertorocha.xyz
REF: Você pensava em ser ator ?
RR: Sempre desejei ser ator, desde moleque. Era daqueles que praticamente obrigava os amigos a fazer pecinhas que eu mesmo escrevia, dirigia e atuava. Mas ninguém na família é desta área, então foi complicado tomar a decisão de me profissionalizar. Sou engenheiro eletrônico e trabalhei no Metrô de SP por 8 anos, e mesmo trabalhando como engenheiro, fazia cursos de interpretação e participava de grupos de teatro. Cheguei a trabalhar com Paulo Autran e ser dirigido por Zé Celso ainda trabalhando no Metrô.
REF: Teatro, cinema ou TV, de qual você mais gosta?
RR: Minha maior experiência é em teatro, em especial o teatro musical. TV fiz somente uma novela (Marisol) e participações em seriados da HBO (O Negócio e PSI). Minha “galera” sempre será a do teatro, é onde as ideias e ideais batem. Trabalho muito mais hoje em dia como dublador e locutor publicitário.
REF: Qual o personagem mais marcante da sua carreira?
RR: Sou completamente apaixonado pelo Lefou, do musical A Bela e a Fera. E pude vivê-lo por duas vezes nas duas montagens oficiais da Disney no Brasil, em 2003 e 2009. Fora a história ser sobre enxergar o interior do outro, de que o diferente pode ser amado; atuar para crianças numa produção daquele tamanho é inesquecível.
RF: O que é viver no Brasil nos dias de hoje? Você gostaria de viver em outro país? Qual?
RR: Matar um leão por dia, né? O Brasil não deixa que a gente sossegue, que baixe a guarda; nossa política está sempre nos testando, nos provocando. Acho triste termos perdido o rumo de progresso em que caminhávamos. Mas também acho que esta lavação pública da sujeira na política trará bons frutos. E não podemos esquecer que estes caras estão lá por nossa responsabilidade. Que não esqueçamos disso em nossas escolhas nas eleições. De resto, que país lindo e que povo amado.
Eu viveria fácil em vários lugares do mundo. Adoro a Alemanha, mesmo com a dificuldade do clima. Berlin é incrível. Espanha tem cidades lindas, mas a crise pegou pesado por lá também. Moraria em NY. Sou cosmopolita, gosto das grandes cidades.
REF: Do que as mulheres são reféns hoje? Da baixa estima, do silicone ou da falta de emprego? Qual a sua visão disso?
RR: Acho que as mulheres e homens são vítimas da necessidade de aprovação. Esta exposição em redes sociais deixa todos a procura de “likes,” percebo a pose fazendo mais sucesso que o conteúdo. Especificamente sobre as mulheres, ainda são vítimas do sexismo, de terem menos chances e menor salários, de ainda se achar que uma cantada na rua é normal. Nem vou falar da violência, que aí já é crime e nem deveria mais existir. Quanto ao silicone? Ué, se vai aumentar a autoestima, que seja bem-vindo.


REF: Existe muita cobrança para um padrão de forma física? Como você vê isso? Você envereda por esse caminho por si mesmo ou pelas cobranças que fazem?
RR: Se a busca da forma física tiver como objetivo a saúde e bem-estar e o bônus for a embalagem mais atraente, acho ótimo. Inverter a prioridade e achar que vale tudo para estar mais que bem no espelho, é lamentável. E o tempo vai cobrar os abusos por isso.
REF: Você tem filhos? Como é a relação com eles?
RR: Tenho dois filhos de 4 patas. Um bulldog francês, Benedito, e um SRD, Lucky. Este meu viralatinha foi atropelado e abandonado na minha frente. Depois de duas cirurgias e meses de fisioterapia, é o moleque mais arteiro da casa. Minha família é pequena, tenho pais vivos, uma irmã e dois sobrinhos. Mas a família aumenta com amigos mais que especiais.
REF: Como sua família vê essa sua opção profissional, acham normal as restrições a que se sujeita?
RR: No início a família achava meio absurdo trocar uma carreira sólida em uma empresa como o Metrô por uma vida de riscos e eterna busca de trabalho, onde os “nãos” são diários. Mas olha, hoje penso que tenho mais segurança que muitos amigos que trabalham corporativamente. Afinal, tenho mais de uma dezena de empregos ao mesmo tempo. Cada estüdio, cada palco, cada filme, é um chefe novo e com prazo para terminar, estou eternamente “procurando emprego”. Isso não me deixa acomodar.
REF: Você já teve um grande amor, tem ou terá um dia? O que o faz pensar assim?
RR: Aos 46 anos jia vivi bons amores, hoje tenho uma relação estável, moramos juntos, e não troco por nada uma relação assim por uma vida de paquera. Aliás, acho que nem sei mais ir a uma balada para paquerar. E espero nem ter mais que me jogar no mercado, risos.
REF: Você sempre teve (ou tem) a sua vida exposta pela mídia, isso o magoou?
RR: Não sou uma estrela que gere curiosidade sobre cada passo dado. Já vi amigos próximos terem seus rompimentos e doenças expostos de um modo grosseiro e vi quanto isso fez mal a eles. O que vejo hoje em dia é o inverso, são pessoas não famosas sendo seus próprios papparazzi, postando coisas que, em minha opinião, não deveriam ser expostas. E aí viram alvo dos odiadores profissionais e críticos de plantão.
REF: Qual o balanço que faz dos seus 46 anos?
RR: Acabo de completar 46 anos. Estou bem feliz como tenho levado a vida. Poderia ter trilhado mil outros caminhos. Me cobro por algumas escolhas erradas profissionalmente. Sabe aquele trabalho que você deveria ter aceitado, ou aquele curso que tinha que ter feito? Mas a idade traz a sabedoria de que somos feitos também dos erros.
REF: Onde você busca reabastecer as suas forças, quando estas se gastam?
RR:Num passeio bobo de final de tarde em um parque com os cães. Numa viagem, num mergulho no mar. Num abraço de um amigo. Estas são minhas baterias.
REF: A ideia da “velhice” o incomoda?
RR: Nada, os 80 são os novos 40, risos.
REF: Como você vê a instituição família nos dias de hoje?
RR: Está mais flexível, ainda bem. Temos famílias tradicionais; outras por escolha, como adoção; homoafetiva com filhos ou não; famílias de humanos e bichos. O que vale é o amor. Sempre.


REF: Se comparar a sua juventude a juventude de hoje, o que teria piorado e o que melhorou?
RR: Gente, mas ainda sou jovem, risos. O que me incomoda é o ponto da vida privada ter se tornado tão exposta. Não acho saudável. Em comparação vejo um mundo mais aberto. E a tecnologia é uma benção, né? Minha juventude foi com bip que tinha que ligar pra central pra receber recado. Hoje em dia a informação está toda aí, pra ser devorada.
Bate bola:
Cor: Azul
Prato: Japonês, todos.
Mania: Dormir com tv ligada.
Medo: Dos trabalhos diminuírem com a idade.
Sonho: Viver numa casa com quintal grande pra ter mais bichos.
Ídolo: Meryl Streep, Fernanda Montenegro, Paulo Autran.
Modelo de Vida: comer, rezar, amar
Paixão: o som das palmas ao final do trabalho, sensação de dever cumprido.
Ódio: de sentir ódio
Fé: necessária pra manter a espinha ereta
Esperança: um Brasil e um mundo mais justos e não violentos
Saudade: da única preocupação do dia ser onde andar de bicicleta
Alegria: ver meus dogs deitados a meu lado, tranquilos.
Uma mensagem
“Iluminar para sempre... Iluminar tudo... Até os últimos dias da eternidade... Iluminar e só... Eis o meu lema e o do Sol.” (Maiakóvski)
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