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ENTREVISTA

ALAN FERREIRA

 by Luiz Gustavo Alves

ALAN FERREIRA é ator e professor de teatro, apesar dos seus 25 anos, já tem uma bela história de carreira.

 

REF: Você     pensava     em     ser     ator?   

AF: Com 7 anos de idade meu pai tinha comprado uma filmadora, eu e meu irmão faziamos sátiras e mini filmes com inspiração dos filmes da televisão, desde então comecei a sentir a sedução pela representação e eis que nasceu meu sonho de infância, ser ator. 

REF: Teatro, cinema ou tv, de qual você mais gosta?

AF: Sou ator, onde quando eu posso estar, não há tempo e nem lugar, amo a arte de atuar criar/vivenciar um papel, independente do espaço do palco ou do espaço do estúdio.

REF:  Qual o personagem mais marcante da sua carreira? Tem um de que você goste mais? Tem algum que se identifica mais com você?

AF: É muito difícil dizer pois grande parte das personas que represento sempre fica marcado nos olhos de quem assiste. Tem o Meirelles da peça "Um trem chamado desejo" que dei vida no Teatro Escola Macunaíma, um personagem cômico/caricato que fui elogiado/marcado tanto pelo público quanto pelos colegas de trabalho. Outro exemplo na peça "Vivo ele está" da qual eu faço o Lúcifer, um terço do elenco me chama de Diabo/Satã. Para mim personagem é como filho, a gente cria, extrai do texto, da vida/forma/características dou um a idiossincrasia ao papel, não tenho um que eu gosto, amo todos! Sobre identificar, acho que também não, é completamente natural o ator dar-lhe uma parte do seu espírtito para o papel, sempre terá coisas nossas em cada personagem, todos tem um pedaço de mim

 REF: O que é viver no Brasil nos dias de hoje? Você gostaria de viver em outro pais? Qual?

AF: Muito difícil, ainda mais se você é artista, o governo federal Brasileiro não considera nosso serviço como trabalho, pois não fazemos um trabalho morto (trabalho morto: segundo marx é o trabalho materializado/concretizado/palpável, exemplo, cadeira, mesa, carro, "coisas" etc...). Fazemos trabalho vivo que é a execução, não é da cultura histórica do país a apreciação da arte, os veículos de comunicação em massa deixa a mostra 3 horas de esporte/futebol, 2h30m de notícias/tragédias 7h de publicidade, 4h de novelas, 4h30m de variedades (Fonte: em busca de um teatro popular de Cesar Vieria. Edt Confenata; pg 7), canal da culura é de minoria no país, para detentores do poder, arte não serve para nada, não produz nada materializado... A arte produz sonhos, alimentam a alma, assim como a comida alimenta o estômago a arte sacia as necessidades do espírito, algo que não convém aos interesses políticos. Apesar dos prós e contras, não gostaria de viver em outro país não, eu amo meu país.

REF: Do que as mulheres são reféns hoje? Da baixa estima, do silicone ou dafalta de emprego? Qual a sua visão disso?

AF: De um machismo colossal, nageração paleolítica so homens veneravam a mulher como um ser sagrado pela capacidade de gerar vidas, deu-se a subsevência, só que em seguida descobriu sua capacidade de produção glóbulos de força sobre a mulher tendo a maligna idéaia de dominá-la. Isso veio a piorar no período anglo saxão. Até hoje nossa cultura tem essa reminiscência patriarcal dominadora, violenta, e preconceituosa, podando as mulheres da liberdade, é uma pressão indireta que acaba coagindo o inconsciente da mulher, resultando na desconfiança e baixo auto-estima privilegiando na maioria das vezes a classe masculina nos empregos, cargos e salários. 

REF:   Existe muita cobrança para um padrão de forma física? Como você vê isso? Você envereda por esse caminho por si mesmo ou pela cobrança que fazem?

AF: Não muita, mas existe sim! Infelizmente grande parte do mercado (principalmente audivisual) é julgado pela estética, vão mais pela aparência do que pela essência. Vejo isso uma pena, pois existe uma série de atores talentosos que não conseguem trabalho por conta do corpo, enquanto alguns corporalmente mais definidos mal sabem ler um texto simples. Infelizmente me sinto "obrigado" a esculpir meu corpo em prol de alguns serviços.

REF: Como é a relação com seus familiares?

AF: Boa... Eles se preocupam muito com a minha questão financeira, logo querem que eu  mude de profissão, ou faça algo em paralelo.

REF: Eles te vêm como uma pessoa diferente, ou acham normal a sua profissão e as restriç~poes a que se sujeitam?

AF: Acho que eles me vêm como um doido lunático, não acham que eu tenho uma profissão, pois não tenhp registro de empresa privada artística na minha carteira de trabalho! Eu não tenho apoio psicológico da família   

REF: Você já teve um grande amor, tem ou terá um dia? O que o faz pensar assim?

AF: Tenho grandes amores, a família, os amigos, minhas profissões e minha namorada.

REF: Você sempre teve (ou tem) a sua vida exposta pela mídia? Se sim, isso o magoou?

AF: Nunca tenho, apenas gosto de me aparecer em cena (com o personagem), na vida pessoal sou bem sossegado, não gosto de me expor nas redes sociais, a não ser que seja algo relacionado ao trabalho, gosto de privacidade, de paz.

 

REF: Qual o balanço que faz dos seus 25 anos?

AF: Independente da minha idade, tenho experimentado bastante, perguntado bastante e acertado pouco. Embora eu esteja muito feliz, tenho vontade de atuar no campo de ciências políticas e filosofia, mas não consigo imaginar eu longe dos palcos.

 

REF: Aonde você busca reabastecer as suas forças, quando essas se gastam?

AF: Reabasteço no teatro, na música (canto) na dança, quadros, esculturas, literatua, dialética, filosofia ou quaisuqer formas de manifestação artística e pensamento, e então as gasto tudo devolta.

REF: A idéia da velhice lhe incomoda?

AF:  para mim o que envelhece é sapato, pneu de bicicleta, uma estante, chinelo, eu nunca ficarei velho, apenas terei mais idade, o único medo que tenho é de perder as habilidades, ficar debilitado.

REF: Como você vê a instituição família nos dias de hoje?

AF: Apesar das divergências e conflitos, sinto uma saudade  fácil da familia, o que preocupa é que eu vejo algumas familias que se tornam negócio, isto é, pais adestrando seus filhos apenas para fins lucrativos para a "família".

REF:  O que você acha que a juventude ganha ou perde, hoje em dia, com relação aos tempos de seus pais?

AF:  Acho que ajuventude pode ganhar boas orientações com boas intenções e perder conhecimento. Existe uma diferença entre saber o caminho e conhecer o caminho, naturalmente quando a pessoa aconselha de mais é um sinal que ela fracassou muito, o ouvir os pais é bom, mas é preciso percorrer seu próprio caminho, deixar a SUA marca, marcar seus erros "superar" seus antecessores, para que a sociedade fique mais sábia, ter seus riscos, nem sempre uma dica de 1980 valerá nos tempos de hoje, a verdade é mutável.

Bate bola:

Cor: azul

Prato: Pizza

Mania:Falar sozinho/pensar alto

Medo: Perder pessoas que amo

Sonho: Em um mundo melhor para todos, num mundo onde as pessoas serão ricas de cultura.

Ídolo: Tenho mais referências: Berthold Brecht; Shakespeare, Heráclitos; Estamira; Fabio Brazza;  Eduardo Taddeo; Karl Marx, Stanislavski; Eugênio Barba; Dostoiévski.       

Modelo de vida: Gentileza, ação e inquietude

Paixão:  Nenhuma! Pois a paixão é a suspensão temporária do juízo, não gostaria de perder tão cedo (risos).

Ódio: Nenhum

Fé: em Deus, e em mim

Esperança: Jamais! Quem espera nunca alcança!

Saudade: infância

Alegria: Viver.

Uma mensagem

Do desacato fraternal vem a injeção cerebral

Do desconsolo que não tem, ainda querem seu bem

Da liberdade a prisão logo surge a rebelião

Da literatura onipotente libertamos nossa mente.

(Alan Ferreira) 

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