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ENTREVISTA

 by Luiz Gustavo Alves

NORMA BLUM

Norma Blum é um dos maiores nomes da interpretação brasileira. Dona de uma beleza ímpar e um grande talento, dispensa qualquer apresentação, quem nunca ouviu falar seu nome, ou lembra de seus lindos olhos expressivos?

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, aos 11 de outubro de 1939, aos 77 anos de idade, é uma das atrizes mais completas do nosso país, tendo atuado ao lado de grandes nomes artísticos.

REF: Você pensava em ser atriz?

NB: Não. Queria ser diplomata.

 

REF:Teatro, cinema ou TV, de qual você mais gosta?

NB: Amo os três.

 

REF: Qual o personagem mais marcante da sua carreira? Tem um de que você goste mais? Tem algum que se identifica mais com você?

NB:Houve vários. Aurélia Camargo da novela Senhora. Talvez ela tenha mais da minha personalidade de mulher lutadora. E a vilã terrível Frau Herta que foi um grande trabalho de interpretação pela total falta de identidade com ela. Novela Ciranda de Pedra. Mas na verdade me apaixono por todos os personagens.

 

REF: O que é ser mulher no Brasil? Você gostaria de viver em outro país? Qual?

NB: Não sei. Depende muito do grau de instrução e da classe social e região do país para definir uma mulher. Talvez eu gostasse de viver em um país com menos corrupção e lei de Gerson.

REF: Do que as mulheres são reféns hoje? Da baixa estima, do silicone ou da falta de emprego? Qual a sua visão disso?

BN: As mulheres e os homens são reféns hoje das redes sociais e do celular. Ninguém conversa, ninguém olha nos olhos, parecem robôs. Tudo que importa é a opinião alheia. Essa alienação coletiva me apavora muito. Além disso, as mulheres são escravas de um padrão de beleza imposto totalmente artificial, botox, silicone, etc.

REF: Existe muita cobrança para um padrão de forma física? Como você vê isso? Você envereda por esse caminho por si mesma ou pelas cobranças que fazem?

NB: Xô! Não sou escrava do padrão de beleza. Envelheço consciente da perda dela. NÃO ACEITO COBRANÇAS DESTE TIPO. Persigo apenas a saúde física, mental e espiritual.

 

REF: Como é a relação com seus filhos?

NB: Sempre foi muito boa. Mas isto seria melhor perguntar a eles. Adoramos conviver e conversar.

REF: Eles te vêm como uma mãe diferente, ou acham normal a sua profissão e as restrições a que se sujeitam?

NB: Difícil ter certeza disto. Mas é claro que fui diferente pelos horários e pelo ambiente que nos cercou culturalmente. E também pelos casamentos desfeitos.

REF: Você já teve um grande amor, tem ou terá um dia?

NB: Eu tenho um amor imenso pela vida, pelas pessoas, pelo meu trabalho, pelos animais e pela natureza. Claro que já fui muito apaixonada. Mas a cada relacionamento a gente acha que está vivendo um grande amor e é ótimo que seja assim.

REF: Você sempre teve a sua vida exposta pela mídia, isso a magoou?

NB: Nunca fui magoada pela mídia. Entendo a posição dos jornalistas. Mas também sempre cultivei a privacidade do meu lar. Não me exponho a torto e a direito.

REF: Qual o balanço que faz dos seus 77 anos?

NB: Feliz. Trabalhei desde os nove anos, li milhares de livros, tive amores intensos, filhos maravilhosos, e um tesouro valioso: muitos amigos sinceros.

REF: Aonde você busca reabastecer as suas forças, quando estas se gastam?

NB: Como é isso de forças que se gastam?!  As forças estão sempre à disposição na natureza, nos filhos, nos amigos, na cultura, na persistência em melhorar nosso trabalho.

REF: A ideia da “velhice” a incomoda?

NB: Apenas a possibilidade de perder vitalidade. Se incomodasse eu não estaria tão bem comigo mesma, já que sou velha.

REF: Como você vê a instituição família, nos dias de hoje?

NB: Mudando. Há hoje muitas famílias diferentes. Deixou de ser uma instituição engessada.

REF: Se comparar a sua juventude a juventude de hoje, o que teria piorado e o que melhorou?

NB: O acesso à tecnologia melhorou muito a comunicação. A educação piorou muito. O jovem era mais centrado do que hoje. Gostávamos de estudar.

Bate bola:

Cor: roxa

Prato: frutos do mar

Mania: ler, ler, ler, ouvir música

Medo: faltar trabalho

Sonho: paz no mundo

Ídolo: Fernanda Montenegro, Cacilda Becker

Modelo de Vida: Gandhi

Paixão: meus filhos

Ódio: nenhum

Fé: sempre

Esperança: um Brasil melhor

Saudade: meus pais

Alegria: trabalho como atriz e como escritora

Uma mensagem:

Cultivar as relações familiares e de amizade. Informar-se sempre. Recarregar as baterias na natureza. Ter animais de estimação. Viver o momento.

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